Da série ‘Mãe trabalhadora: CAP. II – Os causos…

2 mar

Daí que eu estava participando de um processo de seleção bem na semana que meu pai faleceu.  Já estava na reta final.  Enterramos ele na terça, e na quinta tive a última entrevista.  O gestor da área tinha gostado de mim – inclusive na apresentação do case da 2ª etapa de seleção, quando concluí, ele olhou pra mim e disse: “Perfeito! É isso!”. 

Mas acontece que eu estava respondendo uma sabatina na 3ª etapa com este mesmo gestor, para em seguida conversar com o Diretor e eis que neste meio tempo passam pela sala-aquário na qual eu estava esse diretor e a Gerente de Marketing (com a qual eu não ia trabalhar, diga-se de passagem).  No ato eu já entendi que ia dar tudo errado: a moçoila me mediu dos pés a cabeça e me olhou com tamanho ranço que eu só pude imaginar que estava cagada, #certeza.  A entrevista não foi melhor que isso…

Então, dois dias depois de perder meu pai, eu me sujeito a uma entrevista, e sou eliminada porque uma MANÉ não foi com a minha cara, antes mesmo de ouvir a minha voz… #depressao. 

E nesse dia eu blasfemei mesmo.  Xinguei Deus e todo mundo lá da turma dele.  Porque não precisava ter me acontecido mais essa. #ninguemmerece #sacanagem

***

Fui chamada em seleções que não me candidatei e não tinha nenhum perfil com o simples intuito de fazer número. Tive que desenvolver projetos para apresentar durante fases de seleção, como se já estivesse trabalhando, incluindo criar estratégias que podem ser usadas depois do processo de seleção, mesmo que não seja eu a contratada. Vai provar como depois, que a idéia foi sua?… Fui submetida a dinâmicas de grupo sem prévio aviso. 

Fui convocada…essa é uma das piores…a participar de uma espécie de concurso para uma conhecida e famosa entidade que trabalha na orientação de micro e pequenas empresas.  Depois de fazer prova fui convocada para uma fase de apresentação de documentos e uma dinâmica de grupo (que tinha outro nome pra não dar na cara), e eis que durante as apresentações entendi o lance: mais da metade dos candidatos que estavam naquela sala já trabalhavam ou trabalharam na dita entidade, exceto eu e mais uns 2 ou 3. Não preciso dizer que TODOS os aprovados para as entrevistas finais estavam dentre estes colaboradores e ex-colaboradores, inclusive alguns que nem o curso superior específico possuíam…(sim, eu anotei o nome de cada um e algumas informações de histórico durante estas apresentações, quando notei que vários lá já estavam ‘dentro’ da empresa, justamente para saber quem foi ou não aprovado depois).

Passei por entrevistas para as quais fui convocada sem nem ter acessos detalhes da oportunidade.  E quando da entrevista o que acabava acontecendo era uma grande #pegadinhadomalandro, porque o entrevistador parecia mesmo era só estar procurando defeitos.  É claro que uma hora encontra algum.

Testes psicológicos!  Afffffffff………….  Conversei com vários psicólogos que são unânimes: estes testes psicológicos não têm praticamente nenhuma validade, uma vez que nenhum deles consegue atingir mais que 60% de assertividade.  Na melhor das hipóteses.   Detalhe…depois que você responde uns dois ou três fica craque em manipular as respostas, caso queira.

***

Passei por outros processos, e #fato: ninguém quer uma mãe recente.   Que nojo que eu fiquei do modo cretino como outras mulheres – e muitas delas MÃES – rejeitam outras mulheres e mães, pelo simples fato de serem mães.  Tudo muito velado e polido, certamente, porque isso dá direito à indenização (entre outras coisas) se devidamente comprovado na justiça.  Mas é real. 

Cheguei em uma ocasião, a tratar diretamente do tema com um recrutador (homem).  Ele me ligou pra sondar as primeiras informações sobre uma oportunidade e durante nossa conversa confessou que ele não concordava com isso, afinal era pai e a esposa dele mantinha carreira e filhos com tranqüilidade, MAS, o cliente dele havia sido muito taxativo: NÃO ACEITAVA CANDIDATAS COM FILHOS PEQUENOS.  

Fico irada com isso, porque mãe, por natureza, é um ser muito mais responsável, afinal, não pode se dar ao luxo de ficar desempregada, pois tem que pagar escola, babá, roupa dos filhos, plano de saúde, medicamento, vacina, enfim…cada uma tem uma realidade financeira mas uma coisa em comum: alguém que depende de nós e por conseqüência, não nos cabe mais nenhuma inconseqüência.

Ele abriu o jogo comigo, um pouco envergonhado, mas por estar de mãos atadas.  Pelo menos foi mais honesto e também me poupou o trabalho de ir até a consultoria para entrevista e ser dispensada lá.

 E aí entra um outro problema destes profissionais de RH: ninguém dá feedback.  Raríssimos os e-mails de agradecimento pela participação que eu recebi me dispensando do processo (menos de 10%).  Informar uma razão, então, para a dispensa, NEM PENSAR.  De modo que fica difícil tentar melhorar o que quer que seja, se você não sabe exatamente a razão pela qual não foi cogitado para prosseguir na seleção.

***

TO BE CONTINUED…

Uma resposta to “Da série ‘Mãe trabalhadora: CAP. II – Os causos…”

  1. patipapp 30 de março de 2011 às 2:18 PM #

    Nossa, revoltante! Quando fiquei gravida do meu primeiro filho, estava fazendo freela numa agencia daquelas que “é bonito trabalhar até morrer” e eu sbia que se eu contasse iam achar que eu não poderia dar meu couro, uma vez que estivesse grávida.

    Demorei um tempão pra contar.

    Deu tudo certo. Campanha aprovada, meritos recebidos e dai sim contei as novidades. Claro que foi meu ultimo freela la. Pelo menos puder termina0lo tranquilamente.

Deixe um comentário